A
mídia publica uma denúncia fatídica contra um ministro ou outro
personagem central do governo; o desgaste, para ambos, é imediato e
avassalador; o personagem é demitido, de acordo com uma lógica do
tipo "perder os anéis para manter o dedo".
Esse
processo se repetiu diversas vezes nos governos Lula e Dilma - e
agora, ocorre pela primeira vez no de Temer. Para além da discussão
sobre a legitimidade de um e de outro governo, observam-se ao menos
duas diferenças no modo de reagirem: a primeira é que o padrão da
reação petista era delongar: sem propriamente defender o acusado,
adiava-se sua demissão, com o exército "progressista"
culpando a "mídia golpista". Ao final, após semanas de
desgaste, com a persistência do que J.B. Thompson chama de
"escândalo político-midiático", o indigitado ia pra rua.
A
segunda, com raras exceções (como Palocci), é que, durante os anos
petistas, a demissão correspondia a a um exílio na Sibéria: ao
menos institucional e publicamente, o demitido perdia poder de
influência e mesmo de interlocução com o governo. Já Jucá "cai
pra cima": não só volta para o Senado, mas com a chancela
política de Temer, que chegou a declarar "precisar" dele
lá.
À
primeira vista, do ponto de vista da estratégia administrativa, a
rapidez com que Temer agiu tenderia a ser vista como um ponto
positivo, comparada à letargia desgastante de Lula e Dilma para com
os denunciados. Por outro lado, a reafirmação da importância do
Jucá senador para o Temer soa como um flanco de vulnerabilidade , o
qual sugere o prolongamento do desgaste do governo, ainda que em
outro patamar..
Talvez
seja cedo para prognósticos. A reação da sociedade e dos demais
atores políticos é quem deve determinar seu desfecho. Mas uma coisa
parece certa: a denúncia do caso Jucá pela Folha de S. Paulo
demonstra, uma vez mais e para os que ainda teimam em se recusam a
ver, que, malgrado seus inúmeros problemas e tendenciosismos, a
mídia como inerentemente golpista e antipetista é uma falácia
ideológica, desmentida pelos fatos.
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