Assiste-se, hoje, na era da “infotelecomunicação”, da mundialização da cultura e da diluição de fronteiras, a uma versão pós-moderna, hiper-rrealista e de abrangência global de tal processo, com o inglês como língua franca e a informação, digitalizada, circulando em tempo real e em interação direta, ativa e de duas mãos com os movimentos do capital.
Nesse capitalismo ciberfinanceiro, informação e capital passam a protagonizar o que Antonio Rubim define nos termos de “uma sociedade estruturada e ambientada pela comunicação, como uma verdadeira ‘Idade Mídia’, em suas profundas ressonâncias sobre a sociabilidade contemporânea em seus diversos campos”. Nessa conjuntura, “para operar e competir, o capital financeiro necessita fundamentar-se em conhecimentos distribuídos pelas tecnologias de informação. Este é significado concreto da articulação existente entre o modo de produção capitalista e o sistema informacional contemporâneo”, define com a precisão habitual Dênis de Moraes.
Pelo próprio papel que a imprensa, em suas várias vertentes, desempenha em tal processo, o campo do Jornalismo tenderia a ser particularmente adequado para o encruamento de tais questões e para o exercício do debate para além dos limites dos campi universitários. No país do maior monopólio comunicacional do planeta e no qual as dezenas de milhões de telespectadores do principal telejornal são concebidos como Homer Simpson – o anti-patriarca bobalhão do desenho animado – caberia aos profissionais da Comunicação – destacadamente os jornalistas, e com ainda maior ênfase os acadêmicos de Jornalismo – a produção e difusão de conteúdos comunicacionais capazes de tornar evidentes as relações entre capital e informação e de produzir sensos críticos alternativos aos continuamente induzidos pela grande mídia empresarial.
No entanto, num período durante o qual os cursos de Comunicação e áreas afins se expandem aceleradamente tanto no setor público quanto, sobretudo, no privado, a academia, ao privilegiar um adestramento tecnificista e dispensar atenção insuficiente à formação cultural do jornalista (e ao aprimoramento de seu senso crítico), pode vir a minar, destarte, o seu próprio papel potencial (e o dos jornalistas que forma) de agente transformador das relações entre poder e cultura no país - contribuindo, ainda, para agravar a ora disseminada “amnésia estrutural” (Bourdieu), representada através de uma grave inconsciência ante o poder de controle da mídia. Tal possibilidade afigura-se uma ameaça às relações entre sociedade e comunicação no Brasil e um desvirtuamento das funções da universidade em um país com enormes desafios no campo sócio-econômico e cultural.
Nesse capitalismo ciberfinanceiro, informação e capital passam a protagonizar o que Antonio Rubim define nos termos de “uma sociedade estruturada e ambientada pela comunicação, como uma verdadeira ‘Idade Mídia’, em suas profundas ressonâncias sobre a sociabilidade contemporânea em seus diversos campos”. Nessa conjuntura, “para operar e competir, o capital financeiro necessita fundamentar-se em conhecimentos distribuídos pelas tecnologias de informação. Este é significado concreto da articulação existente entre o modo de produção capitalista e o sistema informacional contemporâneo”, define com a precisão habitual Dênis de Moraes.
Pelo próprio papel que a imprensa, em suas várias vertentes, desempenha em tal processo, o campo do Jornalismo tenderia a ser particularmente adequado para o encruamento de tais questões e para o exercício do debate para além dos limites dos campi universitários. No país do maior monopólio comunicacional do planeta e no qual as dezenas de milhões de telespectadores do principal telejornal são concebidos como Homer Simpson – o anti-patriarca bobalhão do desenho animado – caberia aos profissionais da Comunicação – destacadamente os jornalistas, e com ainda maior ênfase os acadêmicos de Jornalismo – a produção e difusão de conteúdos comunicacionais capazes de tornar evidentes as relações entre capital e informação e de produzir sensos críticos alternativos aos continuamente induzidos pela grande mídia empresarial.
No entanto, num período durante o qual os cursos de Comunicação e áreas afins se expandem aceleradamente tanto no setor público quanto, sobretudo, no privado, a academia, ao privilegiar um adestramento tecnificista e dispensar atenção insuficiente à formação cultural do jornalista (e ao aprimoramento de seu senso crítico), pode vir a minar, destarte, o seu próprio papel potencial (e o dos jornalistas que forma) de agente transformador das relações entre poder e cultura no país - contribuindo, ainda, para agravar a ora disseminada “amnésia estrutural” (Bourdieu), representada através de uma grave inconsciência ante o poder de controle da mídia. Tal possibilidade afigura-se uma ameaça às relações entre sociedade e comunicação no Brasil e um desvirtuamento das funções da universidade em um país com enormes desafios no campo sócio-econômico e cultural.
2 comentários:
Maurício,
Nossa, cara, esse post ficou muito bom mesmo. Já postei algo lá n'O Descurvo há algum tempo sobre o assunto, mas esse debate entre a convergência da Informação e do Capital só está começando.
Na verdade, está em pleno andamento um processo duplo onde temos a informatização do dado monetário ao mesmo tempo em que se dá a monetarização da informação em si.
Você pega essa história toda do Daniel Dantas e ela gira em torno disso: Um oligarca do sistema financeiro que se move pelos meandros do Poder - de fato e de direito - nacional para fortalecer, custe o que custar, suas posições lança, de repente, uma ofensiva decidida sobre a área das telecomunicações usando de todas as ferramentas que tem à disposição.
O que isso significa? Que o vetor de poder do capitalismo está prestes a sair do Sistema Financeiro para ir parar no Sistema Midiático e os capitalistas que não quiserem perder poder, terão de ocupar posições estratégicas no segundo. Dantas percebeu isso, mas talvez - talvez - tenha feito de uma maneira menos sutil do que poderia ter sido. Se deu errado, só o futuro - próximo - nos dirá.
Por fim, esse termo cunhado pelo Rubim, "Idade Mídia", é simplesmente delicioso; literalmente diz muito da Era em que vivemos e para onde vamos - isso mesmo, "vamos", a cegueira do Século 21º, diferentemete daquela que se via no Medievo, será pelo excesso de luzes e não pela falta delas, mas sobre esse respeito, convenhamos, melhor escreve José Saramago...
abração
É verdade, Hugo. Desculpe pela demora em responder, mas estou em Recife, participando de um concurso (se você imaginou belas praias e aquele sol, esqueça: chove a cântaros). Por isso, o blog só vai voltar a funcionar regularmente no final de semana.
Quanto ao Dantas, concordo que é um caso emblemático como ilustração dessa mutação do capital em informação e vice-versa. E que a Justiça o tenha alcançado - ou quase - uma demonstração da luta feroz por poder por trás das transações de seu grupo empresarial, maiores que o PIB de vários países africanos e sul-americanos.
Já em relação a Saramago, concordo em gênero, número e grau, sobretudo no que toca o sublime "Ensaio sobre a cegueira" (que, aliás, rendeu um bom filme).
Um grande abraço,
Maurício.
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