Paulo
Bernardo é, com certeza, uma das figuras políticas mais abjetas da
era petista. No primeiro governo Dilma, à frente do ministério das
Comunicações, encarregado de efetivar as promessas que a candidata
acordara - em troca de apoio - com os setores mais avançados do
ativismo digital, protagonizou, de forma deliberada, um engodo contra
os cidadãos, numa versão precoce e pouco debatida de estelionato
eleitoral.
Logo
após a posse e durante o primeiro ano de mandato, ele comprometeu-se a aperfeiçoar a qualidade e a democratizar a banda larga, como parte
de um ambicioso - e necessário - projeto de inclusão digital, o
qual anunciava não apenas nos fóruns convencionais, mas em
interações diárias e diretas nas redes sociais.
Sumiço
Porém,
essa então novidade - para o Brasil - de um membro do alto escalão
do Executivo dialogar diariamente com os cidadãos foi desaparecendo
à medida que se tornava evidente o descumprimento das promesas
originais do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). A inclusão
digital global saiu da pauta, as verbas escassearam e o processo de
desmanche do projeto foi denunciado em Carta
Aberta à Presidenta Dilma, no bojo da eclosão de "crise entre
os membros da sociedade civil, agentes da inclusão digital e o
governo federal".
Logo
ficou evidente que tal abandono se dava em prol do fortalecimento do
poder das teles, cujas dívidas milionárias eram anistiadas a cada
final de ano, enquanto - sob a inação cúmplice da Anatel -
continuavam a oferecer um serviço de qualidade precária e altos
preços, se comparados aos padrões internacionais. Ato contínuo,
significadamente, tornam-se as principais financiadoras da milionária
campanha da esposa do então ministro, Gleisi Hoffman, ao governo do
Paraná, em 2014.
Tal atuação já seria mais do que suficiente não apenas para ruir a imagem de Paulo Bernardo como homem público, mas para torná-lo "pessoa de interesse" para a Justiça.
Mas
não acaba aí: com sua prisão, no bojo da operação "Custo
Brasil" - deflagrada hoje pela Polícia Federal -, descobre-se
que a atuação do ministro durante os governos petistas foi ainda
mais vergonhosa: incluiria, segundo denúncia do MPF-SP, um esquema
de recebimento de propina baseado no direcionamento de licitação
pública e no recurso a empresas de fachada, esquema esse que teria movimentado R$100 milhões, com R$7 milhões em dinheiro público indo para os bolsos do político do PT.
Para
tornar tudo ainda mais repulsivo, tal esquema - do qual, segundo a
denúncia, beneficiavam-se Paulo Bernardo, um escritório de
advocacia e o Partido dos Trabalhadores - desviava recursos de
empréstimos consignados de servidores e pensionistas, ou seja, de
contingentes pobres e remediados da população. (Cabe notar que, à
diferença, por exemplo, do "Petrolão", não se trata da
ação de uma empresa estatal autônoma, mas de um foco de corrupção
agindo nas entranhas mesmo do governo, a partir de um ministério
afixado no organograma do Executivo.)
Explorando os necessitados
Antes
e à revelia da eclosão do escândalo, a própria modalidade do
empréstimo consignado já vinha se mostrando extremamente polêmica.
Pois, criada para facilitar o acesso ao crédito a aposentados e
determinados estratos de baixa e média renda - como forma de
incentivar o consumo na Era Lula -, tem resultado em um processo
cruel de endividamento e de redução substancial dos vencimentos
mensais (dos quais se desconta o pagamento do empréstimo),
notadamente no que tange a idosos e pensionistas, com reflexo na
capacidade da compra de medicamentos e alimentação.
Um método de corrupção que não hesita em explorar tais atores
socioeconômicos explicita o grau de crueldade, de degeneração e de
desprezo por regras básicas do convívio republicano durante os
governos petistas. Isso, sim, é golpe.
(Imagem retirada daqui)
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