Morreu hoje, em Roma,
Ettore Scola, um dos mais longevos e ecléticos cineastas italianos.
Tinha 84 anos, 61 dos quais dedicados ao cinema.
Deixa-nos belos filmes,
como “O Baile” (1983), em que conta a história do século XX sem
diálogos, só com música e dança; “Um dia muito especial”
(1977), então ousada incursão na temática dos gêneros sexuais,
com Sophia Loren e Marcello Mastroianni, este no papel de um gay, no
dia da visita de Hitler a Roma; além do maravilhoso "Nós que
nos amávamos tanto” (1974), sua obra-prima, retrato de uma Itália
– e de uma esquerda – que desapareceu no tempo.
Muito versátil, deixa
sua marca em comédias ("Ciúme à italiana”, o corrosivo
“Feios, sujos e Malvados”), documentários (“Cartas da
Palestina”, “O adeus a Enrico Berlinguer”), dramas (“A
família”, “Splendor”), filmes de época (“Casanova e a
Revolução”, “A viagem do Capitão Tornado”).
Mas sua marca
registrada talvez seja o equilíbrio entre o dramático e o cômico,
de um modo tal que este não se mostr ainoportuno ou se choca com
aquele, antes instensificando-lhe os efeitos.
Em seu tempo, o
reconhecimento de seu talento foi um tanto obscurecido por uma
questão geracional, precedido que foi pelos revolucionários do
Neorrealismo Italiano e pelo gênio histriônico de Fellini, a quem
homenageia em seu último filme (“Que estranho chamar-se Federico”,
realizado em 2013 em conjunto com suas filhas Paola e Silvia).
Mas a revisão de seus
filmes revela – ou confirma – um realizador com grande
sensibilidade e esmero, um notável diretor de atores e um roteirista
perspicaz e ideologicamente coeso – caractrerística esta que,
nesta era de crise de ideologias, torna a revisão de sua obra
particularmente atraente.
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