A felicidade pela escalada eleitoral de Dilma não pode, no entanto, sob o risco de ameaçar a sua vitória em outubro, transformar-se em euforia, salto alto e já-ganhou. Riscos concretos, maximizados pela velocidade de sua ascensão em relação à derrocada serrista, apresentam-se no horizonte.
Há informações seguras de que, de maneira similar ao que vem fazendo na internet – com um exército de cibermercenários voltados à trolagem e à difamação – a oposição vai recorrer a baixezas inomináveis no afã de associar Dilma ao terrorismo, não só sem fornecer a mínima contextualização histórica – como de ordinário o faz, com o auxílio da mídia amiga - mas incluindo imagens de alegadas vítimas e depoimentos de seus supostos familiares. Tudo devidamente banhado em sangue e em retórica apelativa, Datena-style.
É incerto o quanto contará que a história já tenha provado que Dilma jamais tomou parte de tais ações. Pois tende a importar o espetáculo e as imagens, sobretudo se, ao final do período de propaganda eleitoral, não houver tempo hábil para a resposta dos difamados.
Há precedentes na utilização de tais táticas: nas eleições passadas, sequestradores de Abílio Diniz foram forçados a vestir a camisa do PT às vésperas do pleito; e, em uma das armações eleitorais mais óbvias e delirantes, uma montanha de dinheiro materializou-se ante as lentes globais, alegadamente para compra de um dossiê contra o opositor de um candidato que as projeções já previam vitorioso. Velhinhas de Taubaté em peso caíram - e ainda caem - nesse conto tosco da carochinha.
O "fator tapetão"
O outro perigo a ameaçar a candidatura lulopetista localiza-se na seara judiciária. Claro está, desde a pré-campanha, que, à mínima desculpa, o demotucanato vai recorrer ao TSE. O que inicialmente afigurava-se como uma tentativa de calar o lulopetismo – ao mesmo tempo em que comerciais como o da Sabesp são exibidos país afora, com propósito eleitoral evidente - configura, cada vez mais, uma tentativa de “judicializar” a eleição, criar elementos para contestar sua lisura e preparar o terreno para, com o jogo perdido, apelar ao tapetão.
Gostaria de escrever que não existe esse risco, que podemos confiar em nossa Justiça, mas isso, infelizmente, não é possível, ao menos como regra geral: há, nos diversos âmbitos do Ministério Publico e nos juizados e tribunais, profissionais do mais alto gabarito, em sua maioria bem-intencionados. Porém as omissões, desmandos e mesmo falcatruas (como a que envolveu o juiz Nicolau dos Santos Neto), somadas ao estrelismo e ativismo político de figuras como Gilmar Mendes, fazem com que de dúvidas e de reticências componha-se a imagem de tal Poder junto à população. Não sem razão.
Nos últimos dias surgiram indícios de que o lulopetismo começa a acordar para tal ameaça e a também marcar presença no TSE, o que é essencial para descaracterizar, aos olhos do público, a impressão de transgressões unilaterais da lei eleitoral. Ainda assim, como tem demonstrado o excelente blog de Brizola Neto – que nessas eleições tem desempenhado na internet um papel fundamental, similar ao que o blogueiro Idelber Avelar protagonizara em 2006 –, o PT tem negligenciado as batalhas nos tribunais estaduais e, na seara jurídica como um todo, a balança tem pendido para Serra, no que ressoa à adoção de dois pesos, duas medidas.
Subir nas pesquisas é alvissareiro e promissor, ainda mais quando se constata que mais de 10% dos eleitores votariam no candidato de Lula, mas ainda não sabem quem é. Porém é necessário atenção de todos – eleitores, militantes, políticos da base aliada e das próprias corregedorias eleitorais – para os perigos em potencial acima apontados. A eleição presidencial que se aproxima, particular e especialmente decisiva para a história do Brasil, demandará mais do que votos.
(Imagem retirada daqui)
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